FREI HUMANISTA
FREI HILDEBRANDO KRUTHAUP
CIRO BRIGHAM
Na década de 1930, Frei Hildebrando e Irmã Dul¬ce haviam dado as mãos numa obra assis¬tencialista voltada para os trabalhadores, a União Operária de São Francisco. Adminis¬trada pela Comunidade Franciscana, a enti¬dade – que logo passou a se chamar Circu¬lo Operário da Bahia – teve seu núcleo cen¬tral instalado em 1937 na Casa de Santo An¬tônio, sendo que em 1940 a sede foi trans¬ferida para o Edifício Pax, de propriedade do Convento de São Francisco.
"Irmã Dulce, sempre apegada aos serviços assistenciais, tinha no Circulo Operário da Bahia o espaço garantido para o atendimento aos seus po¬bres e miseráveis; frei Hildebrando, por sua vez, exercia a função de Assistente Eclesiástico, que, por ser o principal cargo da entida¬de, tornava-o, em última instância, responsável pela sua condução", atesta o historia¬dor George Evergton Sales Souza. Aconte¬ce que veio a guerra e, com ela, o afasta-mento do frei alemão.
Irmã Dulce "tocou o barco". 0 circulo cres¬ceu, se instalou na gigantesca sede do Lar¬go de Roma (inaugurada em 1948) e foi se livrando das subvenções franciscanas, ad-quirindo mais autonomia gerencial. Quando frei Hildebrando retornou do "exílio", encon¬trou um Circulo Operário da Bahia dividido. Os que pediam a sua volta não faziam parte da diretoria eleita, que estava ao lado de Irmã Dulce. A diretoria, por sua vez, havia modificado os estatutos originais no intuito de diminuir a influência dos franciscanos na vida administrativa da enti¬dade.
A figura do Assistente Eclesiástico era, para os circulistas, a de um interventor arbitrário que reduzira "as diretorias eleitas até 1958 a simples Órgãos executores de suas vontades (...) pondo sempre o veto quando contrariado em suas decisões". No dia 17 de fevereiro de 1962, a batalha pelo controle político do Circulo Operário da Bahia teve fim com a assinatura de um acordo entre a Comunidade Francisca¬na da Bahia e o Círculo Operário, que devolveu o Edifício Pax aos Frades e ficou como queria: "li¬vre" dos religiosos e ao lado de Irmã Dulce. A amizade entre Frei Hildebrando Kruthaup e Irmã Dulce, a quem ele chamava de "a mulher forte a serviço da verdade", ficou abalada até a reconciliação, em 1975.
Frei Hildebrando morreu no dia 11 de ja-neiro de 1986.
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